Normalmente e Quase Sempre
Às vezes
Às vezes puxo por
Um fogaréu gigante,
Às vezes sou comedido
Mas não sou
Normalmente,só
Às vezes sou pano de remendar,
Não sei,
( Poesia dedicada à Ticiana ) Valsa de Amor
Tão difícil como decidir,
Se ganhei foi uma valsa cor de azul, onde os corpos balançavam, e onde, todo dia, o valsar terminava no feltro .
(Poesia dedicada à Ticiana )
Brando Violão
Eu posso ter tudo julgando que tenho tudo
Se eu perco no caminho algo de precioso.Apenas disfarço e sigo em frente. Magoado e triste. Mas vou de cabeça
Tenho o que posso.
Além das Portas Sombreadas
Se meu tempo já passou. Não torture os olhos com
Ilusões à parte, não sou feliz
E tenho o que posso
Mas, pensando bem...
E Lá Sou Eu ?
e lá pareço e voltam imersos não sou o que sou, mas, afinal quem sou? é até castigo ! porque vivo
Vou reclamando da vida no do ré mi do amor ! Colisão de Ausências
Sou parte da nesga,
Formo a angústia da espera.
Sou pária em seus braços e
Sou texto familiar,
Meu caminho é pedrado de
Sou administrador de
Sou plantonista dos
Moro à bessa,
Um caso especial desculpa para o roçar!
Meu sol não acende
Agora, em minha vida é
À você fica o abraço querido: molha chuva, molha nós dois, e nos faz ruídos do curvo amor. Ameixas de Julho
A vida é uma só,
Fiz um protótipo de
Não sou chegado
Da vida o que bem Então, passo rápido,
(Poesia Dedicada à Ticiana) Pelo Sim, Pelo Não
pelos dias, um dia chamei meu mestre de dono um dia chamei
e pela vida fui chamando
então, minha amante
enfim,
sem lugar pra atracar, pois naquele momento
O Menino Que Ganhou um Riacho
Fraco, sobejo o vôo, auguro a aurora em partes de agonia, onde não brotam águas.
Minha caixa é de brinquedo, minha voz é de criança, meu pai é de longe, minha mãe, vem da terra batida, mas querida.
Venho de longe igual a uma caixa mágica, que me leva ao fim do mundo, onde o sol não nasce mas flores dançam ao sol.
Este sou eu, dos riachos, constante da natureza, com água pedreiro de paredes, e com musgos de flores no coração.
Valia minha bruteza quando era forte; hoje, esquálido e esquecido, refaço meu coração de pedras e calço a ansiedade e o medo com tragos de solidão.
E neste riacho vou morrer; neste riacho vou partir; sem dar adeus.
O riacho tem vida Que abranda A minha !
Todos se foram e minha luz interior se esvai, lasciva mas perene.
Vou, então, pra onde? Pro canto do mundo? Ou pros escondidos das águas?
Se vou, choro, Se fico, sou porta de cachoeiras incansáveis.
Ah bela! Se desfilo, vou sem passo.
E se amo, caminho pelo riacho de criança, cujas águas eternas alisam meus pés e ainda me protegem dos revés que me aportam !
Hoje vivo nele, abrando folhas esparsas que nele nadam.
Somos dois amigos.
Somos a procura da vida. Ou já somos achados da vida.
O Passado é um Lugar Perigoso
se pudesse eu do alto de meu vazio, por um instante só resfolegar minha ansiedade em seu colo, deveria agradecer aos dispostos.
se pudesse eu, por uma vez que seja, soletrar meus lábios nos seus, aceitaria o gesto de plena piedade e derradeiro meio enlace.
onde fico? na esquina dos desaparecidos.
onde criança faz a festa e os homens plantam centeios de vazios.
Medito... medito, por instantes, pois sou apenas um centavo de alegorias dos sozinhos...
então,
Se eu pudesse, se eu pudesse, ser...
uma vez, uma vez somente, ser lírios de seu corpo, luz de seus olhos, me bastaria a vida e não se repetiria minha morte!
pois no passado não vou mais, pois duendes de lá, me disseram, sem pompa, é um lugar perigoso !
Saudades do Que Foi
Mal que passo, De pura saudade do meu era criança de chorar !
Espelho de 2 Faces
Sem medir as coisas do tempo, fui em busca do espelho de duas faces.
Outrora viveu por lá, sem hora, mas de passados, só sombras sem auroras!
Rodo que rodo, pejo à indiscrição, rodo feito saia, mas dela só guardo raras aparições.
Sumiu.Sumiu de vez. Rubor meu! Tá morando na zona desconhecida, onde todo mundo faz parecido!
Dizem que ela nasceu em lugar nenhum; nenhum, porque era do mato, e de lá não se via rumor da cidade. Pobre menina de desdém!
Era um ponto no espaço que correspondia a um astro!
Sai atrás dela, como bonde perdido, de chapéu roceiro, mas vazio, bem oco, escavado de esperanças e vizeiras de outrora!
Um dia, me contaram dela: tinha partido de desdém pro fim de seu mundo.
Nunca mais ouvi dela falar; raro momento de lucidez me tomou - afinal encontrei o tal espelho de duas faces que, agora, só me escorria meus contornos escuros e saudades coturnas.
Ela quebrou a magia do tempo e, com isso, virou sombra, feito ardido vento, e me deixou sozinho, sem qualquer honra!
Do espelho escorrido sobraram pedaços mágicos de vidro, e um pano esvergado de saudades, onde ela morava.
Faz a Hora, Que eu Faço o Dengo
Mas nem por isso, nem pelo vestal, ou pela vaga reza nem por um minuto sequer, deixei de chamar pelo nome dela.
Nem por um minuto.
Deixei de querer aquela mulher de apenas um quarto e doze vidas de amor.
Mas lá pelas tantas, dessas que ocorrem sem querer, soube eu,com ardor, fardado de bom, e risonho, que ela tinha de me deixar, enquanto, no fundo, tocavam a marcha dos falidos.
Triste sina, desta vida dura de entender e que pouco ensina!
Não sou de ferro, nem de pérolas, sou o que pareço ser: um erro
Sou metade de tudo pura fantasia, sou a hora dos poucos!
E naquela tarde fiquei entre o branco e o nada. que se misturam numa dor do vazio.
Pensava: que mundo é esse, que perco até no laço?
Mas nem por isso vou deixar de carregá-la em meus braços.
Não aqui, mas num lugar bem perto, perto do céu, onde não nem se tira fatura pra mulher escorregadia.
Bem longe, perto do céu, onde estão os calados, que elevam seu espírito e se confortam com o beijo da mulher amada! E nisso tudo, perdi, a ida, a volta, o regresso e de malas vazias, enquanto tocavam o realejo.
Pavilhão do Vazio
Sinto que sinto,
(Poesia dedicada à Ticiana )
Tempo de Ontem
Vivo simples,
(Poesias dedicadas à Ticiana )
Passado de Três Dores
Quero ser tão
Passado de Três Vezes, que não consegue morrer.
(Poesia dedicada à Ticiana )
Dia Afora
Fui dia afora, corrido em três berços, fui oração de mãe e orgulho de pai.
Corri berços e colos, corri mundo, por mãos desconhecidas que me diziam coisas que não entendia, coisas de amor e corrimões de ódio.
Fui dia afora, fui abraçado por luz benta e azulada, experiências de eremitas de amor, frescor de muitas mulheres, e dengoso boneco de choro !
Fui sempre alentado por cobertores de abraços de mel e beijos dourados !
Mas, já de idade amendoada por tristezas e alegrias,
descobri que a vida de amar é feita de cores mas também, é palha seca de queimar !
(Poesia dedicada à Ticiana )
Pedras de Triturar
Se vai, vou atrás. ( Poesia dedicada à Ticiana )
Pedras Sem Tempo
Ordeno meus pensamentos,
(Poesia dedicada à Ticiana )
A Mãe do Prefeito
Assisti, por curiosidade e como cidadão apaziguado, a uma pertinaz sessão plenária, na Câmara de Vereadores de uma cidadezinha qualquer deste interior do Brasil.
Não foi por querer, sou capaz de jurar. É que, tendo a profissão de viajante, percorro quase todas as cidades do nosso Brasil e sempre tem um programa erotizado para se fazer: conhecer vizinhas avulsas, maravilhosas e solitárias.
Mas vamos lá. Naquela noite, perdido no centro do Brasil, não encontrei vizinhas em liberdade. Parece que todas as mulheres resolveram se esconder em casa.
Tentei de tudo, mas parece que eros estava ausente. Andando pelas ruas, sempre mal-iluminadas e cheirando a flores, aí, fiz o melhor que pude : fui na numa sessão da Câmara Municipal - destas milhares que existem no Brasil. Um prédio luxuoso que contrastava com a cidade, com o poder aquisitivo do povo. talvez aquela iluminação feérica tenha me atraido para seu interior.
Sentei sozinho. Não havia viva alma num plenário que mais parecia uma capela mortuária. Havia uma fileira de 12 cadeiras por 8 fileiras. E eu sentei sozinho no plenário.
Ao sentar numa dela, tudo rangeu e os olhares dos senhores vereadores bateram em cheio em minha pessoa. Rude em política e alheio às coisas pública que estava ali ou para ver a sessão ou tirar uma soneca, depois de tomar alguns aguardente. Certamente para cochilar.
A sessão começou. Havia no plenário cerca de 8 vereadores, todos eles engravatados. Parecidos com aqueles que vão a um casamento ou a um enterro, por obrigação, e colocam aquelas roupas desprogramadas e com as mangas enxovalhadas de suor.
Um vereador, para minha surpresa, mandou constar em ata minha presença. A coisa ficou meio sem graça. Foi preciso eu levantar e dizer meu nome. E foi constado em ata que eu estava lá.
Apesar de meus olhos tentarem cair no ostracismo do sono, eu me mantinha firme. Aquela noite, todos iam falar para mim e certamente quem era eu, ou se votava pelas redondezas. Eu tinha mais é de ficar atento. Quem sabe se outro vereador não me chamava para alguma coisa? Só pra me agradar?
A sessão - como disse - começou -. encralavrada e titubeante na voz do Secretário. Ele tinha um montão de papéis sob a mesa à sua frente. E começou o blá-blá-blá. Votos de congratulações para fulano, voto de pêsames para sicrano.
E eram votos e mais votos que não acabava mais. Quem nascia ou morria ia sendo mencionado. Quem casava ou sofria alguma acidente, tinha seu nome mencionado naquelas infindáveis Indicações. O poder da democracia estava ali
E isso durou mais de hora. Eu fatigado e já opressivo com tanta inutilidade. Mas fiquei sabendo, para minha cultura, que nasce mais gente do que morre.
Depois, outro montão de papeis.Todos timbrados e tenazmente batido à máquina,( computador nem pensar ), por secretários que tinham alto salário só para isso. Eram os pleiteadores de obras para cidade.
Devia haver umas cem folhas que foram lidas durante mais de outra hora. Era um tal de asfaltamento: onde era terra, de terra passar para calçamento, de calçamento para asfalto, de asfalto, para deixar como estava antes.
Sinalização em pontos perigosos na estrada, proibição para que crianças andassem de bicicletas nas calçadas da cidade. E uma terrível inutilidade que arranhava meus umbrais de minha paciência.
Eles trabalhavam do nada para o mais nada.
E para meu desespero havia mais. Pedido para construção de passarela numa rua que tinha apenas uns 10 metros de largura; pedido para ver as contas do prefeito...Ai a coisa esquentou. Falaram do prefeito e seus defensores logo se levantaram.
O pedido de informações atiçou um pouco o morno ambiente. A oposição formada apenas por quatro vereadores queria saber onde o sr. prefeito havia conseguido dinheiro para reformar sua casa e comprado uma casa de praia.
Os oposicionistas logo se levantaram. Um deles falou: sr. presidente, pela ordem, peço a palavra, esta matéria é assaz ( meu corpo se desfez em pedaços gramaticais) contrária ao parágrafo número tal do Regimento Interno da Casa, pois ninguém pode se envolver com os assuntos pessoais do prefeito - sua vida particular.
Outro vereador falou: Sr. presidente peço a palavra. E foi dada. Sr. presidente, srs, vereadores, disse ele, a matéria está na Constituição pois o sr. prefeito, segundo denúncias de um jornal local, comprou a casa com o dinheiro público.
Protesto e peço a palavra, rumorejou outro vereador. Sr presidente, srs. vereadores, estamos ultrapassando os limites da loquacidade particular do sr. prefeito. Quem quiser denunciar, que denuncie com provas.
Peço a palavra - levantou outro vereador da posição. Sr. presidente, srs. vereadores, pelo que me cabe a dizer a casa em questão foi comprada com o dinheiro que o sr. prefeito ganhou de herança da mãe dele.
E ai bradou outro vereador: E esse prefeito tem mãe viva? Mentira, sr. Presidente a mãe do sr. prefeito já morreu, e eu posso provar e nunca houve essa história de herança, se todos nós formos amanhã no cemitério eu posso mostrar seu túmulo.
Ordem na Casa, disse o Presidente. Senhores falou ele, isso é apenas um requerimento que ainda vai para as Comissões para ser analisado e devidamente esquadrinhado.
Vamos deixar para discutir esse assunto na hora devida. E o outro falou imediatamente: peço a palavra sr. presidente. Com a palavra o vereador requisitante, disse o presidente.
O assunto não é bem esse. Na verdade o que eles querem é macular a figura do prefeito, dizendo que ele não tem mãe!
Peço a palavra sr. Presidente - conclamou outro vereador afoito: ninguém aqui disse que o prefeito não tem mãe. Foi dito , e consta da ata, que a mãe dele está morta, enquanto outros disseram que ela está viva.
Se está viva, como pode ter deixado uma herança? E surgiu outro: com a palavra sr. Presidente! Vamos constituir uma comissão de cinco vereadores e vamos amanhã mesmo ao cartório e ao cemitério constatar a verdade.
Não conheço a senhora-mãe do prefeito, nem sei se era uma senhora de posses, nem sei se ele tem ou não mãe, mas temos que deixar essa história clara!
Peço a palavra sr. presidente - retrucou outro vereador - estão ultrajando a figura da mãe do prefeito...
Peço a palavra. - disse outro. Pela ordem, disse o presidente. Com a palavra o vereador que pediu a palavra. E porque vocês não telefonam agora pro prefeito e perguntam se ele tem mãe ? Se ela esta viva ou morta? - propôs um vereador.
E um outro falou: No intuito de preservar a verdade eu proponho que seja exumado o corpo da mãe do prefeito, se ela tiver morta ou nos tragam um atestado que ela esteja viva. Ou senão fazemos o exame de DNA, viva ou morta.
Mas o prefeito não tem mãe! - bradou um vereador posicionista. Vocês querem fazer exame de DNA na mãe do prefeito, com ela ainda viva?
Eu proponho a exumação!- disse um, chegado a filme de terror.
E que o sr. prefeito nos traga o Imposto de Renda da mãe dele. Ai saberemos se ela está morta ou não, se tem posses ou não.
Não é necessário meter a Receita Federal nesta história. Primeiro, porque todos sabem porque e, segundo - com um tom voz enrustido - aqui já se fez tudo com a mãe do prefeito. Se ela tiver viva, tudo bem. Mas se a mãe do prefeito estiver morta... - Sr. presidente - peço a palavra, disse outro. Os oposicionistas, credo-cruz - estão dizendo que o sr. prefeito não tem mãe.
Peço a palavra sr. presidente, falou outro vereador - nós começamos a discutir aqui a abertura de uma rua e fomos parar na mãe do prefeito...isso não é justo...
Sr. presidente - acentuou outro - para o bem de Nossa Casa Democrática - não fica bem meter a mãe do prefeito nesta discussão.
E falou o Presidente, umas três vezes - silencio...silencio.. - Para que todos fiquem satisfeitos vamos constituir uma comissão para ir na casa do prefeito perguntar se ele tem mãe....
- Protesto, sr. presidente - o sr. acha que eu vou na casa do prefeito a esta hora da noite, perguntar se ele tem mãe ? - Peço a palavra sr. presidente, disse um vereador pingando de suor e, logicamente muito amigo do prefeito - agora estão chamando o prefeito de assassino....
Protesto, sr. Presidente..- Enquanto isso o presidente da Casa toava uma nervosa campainha.
Era minha deixa. Sai de fininho e me dirigi ao bar mais perto e pedi uma pinga da terra - famosa por lá. Deliciosa ao extremo.
Foi ai que o dono do bar me perguntou, enquanto lustrava a mesa com um pano de mão todo sujo - o sr. estava na Câmara ?
Eu disse, meio desconfiado, disse: estava sim, vim de lá agora .
E o dono do bar me encarou e falou:
- O sr. sabe da última que corre na cidade ?
- Não...disse eu.
- O sr. sabe que enterraram a mãe do prefeito ainda viva?!
( Texto dedicado à Ticiana )
Amor Não Tem Matemática
Sonolentas as manhãs,
Se ela soubesse o que eu sei
Mas de longe, sentado,
Assim foi uma única Hoje, sabemos nós, Nem para ir nem para voltar.
Duendes mágicos trataram de nos
E faz soslaio de luz numa
(Poesia dedicada à Ticiana)
Não Perca pela Hora
Preciso intensamente
É hora prá cá, é hora
E são tantas que
Mas as horas me perseguem -
Se me guardo, não sei quantas horas
Por serem inconstantes, uma hora
Mas sei que elas me perseguem:
Por isso as horas são E se me perguntarem as horas Bem, as horas estão passando
E lá, uma coisa
Mas isso é outro assunto
Mas é hora de ir.
Fiquei tonteado no tempo,
Perdi meu amor
(Poesia dedicada à Ticiana )
José Kappel
Enviado por José Kappel em 07/02/2023
Alterado em 04/10/2023 |