José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos







 

 








Pobre Sem Nascença

 

 

sou pobre, 
sem 
nascença, 
poeta 
já sem 
crença. 

 

desfiz o encanto 
sem pranto. 


desfiz a mágoa 
sem canto! 

 

de um lado 
os melhoranças, 
de festa rápida, 
de bebida 
curta, 
mas de 
saias
belas, 
cheias de 
almejos 
com amêndoas 
de amor. 

 

fui chegando 
sem sair, 
fui olhando 
com toda civiliidade,
antes, 
de entrar.


mas por  trás
da festa
só sobrou
a mágoa
que casou
com a maldade.

 

(Poesia dedicada à Ticiana )







Enquanto Isso em Roma em 345 A.C.

 
















 

Procurando o Achar dentro dos Esquecidos

 

 

 

 

 

Assim sou eu:
filho de dois pares,
de pai ferreiro e
mãe dengosa.

 

Por isso,
sou só isso,
e sou assim.

 

De dia sou sonhador,
mas sem posição definida.

 

À noite sou pescador
de vidas e,
caço, para alimentar
meu espírito.

 

Vou levando minha vida
igual a ave ensinada:
falo quando tenho que falar;
me calo, quando, só quando de dor espio a
dor que corrói meu peito.

 

Assim, senhoras e
senhores,
de afagos estou
precisando.

 

Pois de vazio e solidão
faço minha mala de vazios
e procuro meu caminho.

 

E do outro mundo 
que não rabisquem,
toda hora a minha vida
dentro
da sombra dela.

 

No meu caminho
agora, pra todo mundo,
sou um bloco de rascunho,
onde todos vêm brincar 
no meu raso  brilhante,
nas minhas flores sem rumo !

 
















 

Brota Mares

 

Impiedosa canção

que brota mares,

que avança à terra

e reduz nosso perdão !

 

Poema azul que o mar

refoga e dizima esperanças

de um dia ter você de volta.

 

De época nenhuma, -

grasna o pássaro -

rodela  num segundo de ranço

para ver seu rosto -

que tempo  esqueceu !

 

No toldo sem fundo, apenas resta

viver e chorar por meras lembranças.

Impiedosa canção

que brota mares,

que avança à terra

e reduz nosso perdão !

 

Poema azul que o mar

refoga e dizima esperanças

de um dia ter você de volta.

 

De época nenhuma, -

grasna o pássaro -

rodela  num segundo de ranço

para ver seu rosto -

que tempo  esqueceu !

 

No toldo sem fundo, apenas resta

viver e chorar por meras lembranças.

 

 






 













 

 

 

 

 






 

 











No  Nosso Caminho Vamos Colecionando Dores
 

 

 

Na hora de ser feliz,
todo mundo quer,
de bravata!


Ser feliz! Isso todo mundo quer:
e de smoking e gravata!

 

Compra-se a  felicidade
à troca de vinténs e notas 
de pagar, lá, bem longe,
numa caipira cidade de
três quartos e uma igreja.

 

Pra fugir deste mundo,
amedrontado ou cheio de pavor,
com muitas idas e vindas,
com muitos desconexos, anexos e sexos,
não há o que fazer a não ser
estar bem feliz e acorrentado.


Preso, sem saber, a qualquer
vida que fazem metros de amor.

 

Pois a vida não é isso não.


Não é só com vinténs que você tem
a mediana paz e imensos campos
de tranquilidade.

 

A vida tem mais coisa!


A vida te prepara o riso e a lágrima!

A vida te leva prá onde ela quiser
A vida te aconchega aos vivos e mortos.

 

A vida é um  tronco de areia
que, marfinado, com sua agonia
faz de você uma ponte invisível
entre o próximo e o depois.

 

Lá onde dormem, encantadas,
mulheres mágicas,
apaziguadas com o amor,
à espera de sua chegada.

 

E você, já está bem nascido
pra dizer: comprei metade da vida
dela,
mas não consegui, nem de perto,
chegar no seu coração:


lá onde mora o amor,
e os cônjugues juram
vida eterna,
procurando o árido
milagre de renascer:

o milagre de mãos dadas

a ternura de flores que brotame

em seu ser.
 



















Águas da Vida  - Sopro de Vinho e Pêssegos

 

 

esperança

é  sentar

ao lado

da vida,

e  julgar-se

dono

de

vários

mundos

em um

só.

 

esperança

é botejar

sobre

as  águas

sem portos,

e esperar

as marés

das águas,

se unirem,

num sopro

de vinho

e pêssegos.

 

esperança

é deixar

escorregar

suas mãos

por entre

nossos

dedos

e pedir,

logo

ao tempo,

que se abra

em dois,

e

a comitiva

de deuses

seja

sempre

de chegada

sem partida.

 

de alegria

sem mortos e

sem

desencanto,

que também,

um dia também

amaram

a vida

e velejaram

também por portos

de águas.

nascendo,

no jorro da vida,

amores famosos!

cheio de honras,

amores formosos!

na doce aurora!






 

 












 

 

 

 

 

 

 

Do outro lado,
do lado, onde pende
as dores,
numa calçada de amores
cheio de vãos;
corro pra ela
do lado daqui!

Se me viu foi por acaso,
sem querer, passei ali,
meio descompassado,
mais aflito,
em rever a calçada
dos solitários,
dos alados da meia-noite.

Encontrar, encontrei,
pedaços: daqui, daqui,
pedaços de espíritos,
aleijados de amores,
solitários de ansiedade.

 

E nesta pávida confusão,

resolvi, depois de muito pensar,

mas sempre duvidoso,

resolvi, com muita lentidão,

 e ainda amedrontado,

 ser eu mesmo !

 

 

 



 

 














 


















Espinhos


 


 


Lua em Disparada

 

vim
feito
lua
em
disparada.

cheguei
igual
temporal
desvairado.

mas,
encontrei:
lá estava ela,
a  madona
de meu mundo,
que é feitura
de donzela.

 

Concordamos com o sim,

e disparamos ameixados,

para o início

de nosso fim de mundo.

 


 

 

 

 

 

Chamego do Nada

 

Não adianta pranto.
  
Neste amor e nesta guerra;
uma bala basta
para desfazer o tricô
de sua vida e criar
a máscara do nunca mais.
 
Agora de pouco adiantam
as flores que me chegam;
já me ouvem pálidas;
puros ramos crochados de vazios.
 
Consolar não é meu forte,
puxar o tapete do destino
pro  lado bruxo
foi até mágico
 
igual a croata
de guerra !
 
Nunca perdi
num palco de aço,
é porque
o fogo do destino roça
a baixaria.
 
E, agora, faz 
seu caminho:
do espúrio
o do rio,
por exemplo,
insufla nele
sua tristeza,
e puxa a corda
de sua vida
pra vida de outro.
 
e faz enrosco
para os ocasos!
 
Sinto-me até forte
por participar
deste lance de sorte!
 
 
Mas você, nunca mais,
nem inteira
ou fatiada igual pão,
mesmo castiça e sem cortes,
igual a uma flor
morta sem mais !

 

 

 

Primeira Dança

 

 

Hoje eu queria,
se mais não pudesse,
e, se por favor,
e se fosse alento,
me concedese,
a primeira dança
da primavera.

 

Sou querente,
nada pávido,
rápido no pensar,
e tolo ao dizer:
sou também
amante esquecido,
compasso de pano colorido,
avesso,e sem lindezas
a provar.

 

Por isso,
eu queria,
com perdão devido,
e de porte,
de saia em saia,
eu pudesse
me acobertar
em seu rosto
de jasmim e dizer:
sou vida difícil,
mas
armarinho
pronto para 
acomodar  sua
vida.

 

No enfim
tudo
é tão fácil de
falar,
mas
e tão difícil de
compreender!

 

 

 

É Sobre Hoje

 

 

Do outro lado,
do lado, onde pende
as dores,
numa calçada 
de dores
cheio de vãos,
corro dos dias
que estão
do lado de lá!
  
Se me viu foi por acaso,
sem querer, passei ali,
meio descompassado,
mais aflito,
em rever a calçada
dos solitários,
dos alados da meia-noite.
  
Encontrar, encontrei,
pedaços: daqui, dali,
pedaços de espíritos,
aleijados de amores,
solitários de ansiedade.
  
O que encontrei foi a morada dos tristes e sozinhos.
Era onde me perdi e me achei onde nunca tido ido.
E lá
Encontrei o 
hoje.


E é o sobre hoje
que não quero
mais ser.

 

Quero ser o pó dos aguadados,
quero ser um cometa amigo das estrelas.


Mas também não quero mais ser eu,
pois os reis próximos,
me jogam hoje, para as feras !

 

 

 

 

 

Abismo de Reis

 

 

Sou forma 
e barro, 
cumbuca aleijada 
de abas tortas; 
que, agora, 
rosco e me esrosco, 
nos abismos de ninguém. 
 
Sou força 
e desalento. 
 
Paramento sem festa, 
dúvida de qualquer sol,
dúbio de pensamentos !
 
Sou cor virada, sem tom, 
que desabrocha no verão 
sem flores,
sem qualquer espécie
de lado bom.
 
Sou amaciador de pássaros, 
andador de ruas, 
passageiro fugaz 
de avenidas empoeiradas 
de luzes sem  vassalos. 
 
Sou forma 
e desamparo, 
roda de passar, 
gente de ver, 
gosto pra provar, 
vítima ocasional 
da vida que passa. 
 
Sou forma e barro, 
rosco e me enrosco, 
nos penhascos, 
que dormem vestidos
de gente em 
algum lugar 
do meu passado, 
que se perdeu 
no tempo 
de minha vida
de lasco, pedrificada.
 
Hoje, na virada da vida, 
procuro e não acho 
vida. 
 
Há o sem sentido,que caminha

por lugares que nenhuma aliança 
de amor alcança. 
 
Hoje, desvario, 
sei que a vida se foi 
pra algum céu 
sem nome, 
e dorme tranquila 
o sono da vida 
ao lado dos mortos. 
 
Mas, no fundo, 
rosco que me enrosco, 
sei que partiu, 
pra terra do longe, 
onde sonolentam os mortos 
onde não sonha minha vida. 
 
E da vida,sei: 
nunca mais vou 
ver o sol pois não tenho contratos 
de sabedoria com 
a paz dos santos. 
 
Não sou alvenaria
dos espírito,
nem corda
truncada no pescoço
dos lordes.

 

Sou simples e vivo no desalento.

 

Mas na hora que vi que a conversa era morte

fugi, bem agasalhado de dor, lá pra norte,

próximo ao abismo dos reis !

 


 

 


 

A Primeira Dança

 

 

 

Hoje eu queria,
se mais não pudesse,
e, se por favor,
e se fosse alento,
me aprovasse,
a primeira dança
da primavera.

 

Sou querente,
nada pávido,
rápido no pensar,
e tolo ao dizer:
sou também
amante esquecido,
compasso de pano colorido,
avesso,e sem lindezas
a provar.

 

Por isso,
eu queria,
com perdão devido,
e de porte,
de saia em saia,
eu pudesse
me acobertar
em seu rosto
de jasmim e dizer:
a vida só começa
quando me apranta.

 

Que é tão fácil de
falar,
e tão difícil de
compreender!
 

 


 

Visitando Flores

 

 

 

Se todo esse jardim fosse meu

um dia, de primavera, ia pintá-lo

todo de cor-de-rosa - sua cor astral!

 

Ia dar inveja ao sol

flutuante

que perdura em seus olhos!

 

Ia fazer das pétalas - flocos de neve -

que flutuariam sobre sua face de luz -

onde    aportam  belezas dos desmedidas!

 

Com sua eterna magia,

ia fazer magia de rainha,

e transformá-la princesa

de três reinos!

 

Ia fazer desta terra

coisa de mágico colorido,

coisa de mágico sem palco!

 

Porque você é mais forte do que o sol,

mais sombreada do que a noite da lua,

mas forte de querer

mais forte de amar!

 

Vou fazer disso tudo

uma fonte de amor,

onde vizinho não entra,

parente não faz figa,

e só lá entram os lírios,

de meu canto!

 


 

0 Aprendiz da Vez

 

 

me preparei,
mas me contive,
estanquei,
depois fui em frente,
mas parei.

afinal era eu homem
sem lei !

pensei
duas,
três
vezes:
eu era
afinal
um erro.

era a
hora errada
dos homens !

mas a queda
foi
de pulo,
 e ganhei
o espaço.

o vôo foi livre,
igual pássaro
redimido.

fui e fui
igual a
mulher pura,
o que era grande
ficou pequeno,
o que era pequeno
virou escuro.

ah! afinal!

estava livre.

dizem lá as
más linguas:
é ridículo!
isso
é suicídio !

e foi.

mas não doeu.
acho que não.

poi o aprendiz
da morte,
também têm
feitiço de prontidão,
pra ver o rumo
que toma
aquele que fugiu
do amor e da
multidão.


 

 

Teste de Todo Dia

 

teste daqui,

teste de lá,

todo dia

vem a rotina

dos sem-fazeres:

testam

me testam

que festa!

 

sou da vila

da Banqué,

lá o amor

nasce

e renasce

sem teste.

 

mas nesta terra

em polvorosa,

me suspeito ao

teste:

se de duas

quero duas

divido o

meio quarto.

 

e de lá fica

o rosa-vestido

e no de cá

o beijo enternecido

com muita festa

dos feridos.

 


Tropa de Amoras

 

 

 

O sol rebate

sem rumo

o entardecer de dois dias

e prepara a chegada da noite

acalentando o solo sem nome.

 

Me rosco na pávida tarde,

sem medidas e sem proveitos.

Ela simplesmente me avisa

que alguma coisa etá morrendo

para outra nascer.

 

Pensamento crucial

que me leva à beira dos

sem-nada: afinal

alguma coisa teria que

desaprecer

para o alvorecer de outra.

 

Matemática infantil !

 

Poucas medidas!

Não sou homem de

meditação profunda,

nem me aventuro no profano.

 

Mas me roço de lembranças

- e tenho poucas - porque

não sou filho de nenhuma guerra,

ou primo-irmão de algum Zeus olímpíco.

 

Não tenho formosuras,

Não sou homem de procuras!

 

Mas, lá no fundo, eu sabia

o que havia acontecido

de tão medro e constante.

 

Nossa separação seguiu o

ritmo do tempo, dos dias

e das noites:

foi simples: alguém tinha

que esmaecer e lograr o escuro,

para que a luz surgisse

em sua vida.

 

Morte assim

pareçe escassa!

 

Mas para que sua vida

se trocasse em milagres,

tive eu, como a noite,

desaparecer diante do fragor do sol.

 

E assim me senti como tropas

dispersas num campo de batalha,

desfeito,a procura de amoras,

porque mesmo os desventurados do amor

puro, mas esquecido,

não jejuam à morte dos morimbundos.

 

E naquele dia fui tropa e fui amoras.

Mas não consegui ser sol fogoso

ou lua amortizada de amores sem nome

e perdido, sem cuidados,

indo morrer no fundo-lodo!

 









Às Vezes Nos Enganamos - 

A Jóia Que Procuramos Já Está Há Muito ao Nosso Lado








procuro e procuro
acho
e perco
ganho e
disperso
feito ventania
na fonte do ouro.

uma hora
é,
noutra, deixa de ser.

quando vejo, não acho,
quando acho,
já se foi.

contra o tempo
ela bateu.
mas,
virou
musa do
pobre museu.

e nesta
história
que

pra chegar,
perto de
mim,
é somente
uma baita
migração
de
saudade
de gente,
ou de
aurora

uma lua
de
alucinação,
pois,
sou o que sou,
e só me perguntam
o que não sou.

não
sou nada
de alguma coisa,
vindo,
bendito
do zero,
que achou
e se perdeu
nas contas do
ninguém.

agora, meu amigo, azar !
belo azar.

bento cruzes!

ela se foi
pra bem amém
de qualquer
imaginação.

na santa oração !

foi de mãos
dadas
com flores,
pra lá
da porta
do além.

 


 

 

TRÊS MOMENTOS

 

 

Era um momento de três
três refrescos,
três luas
e três saias.

Era um tempo antigo
parente e amigo.

Era mil e novecentos,
tempo que algum dia viveu
entrelaçado entre nós,
mas com o tempo
deixou-se transparecer.
frágil e armado de cristais.

Foram três momentos
de sufragar o alento,
a meiguice e o amor.

E como dói os amores
marcados por datas e
folhinhas de padarias!

Foram três momentos
duas vidas
e um amor.

A média resultava,
impassível, numa paixão
onde melros e orquídeas
se transformavam em
paisagens mágicas e queridas.

E foi assim,
sob a lua de alguma primavera
que ninguém esquece mais.
Que duvidem os incautos de paixões!

Eu ouvia, ela ouvia.
Nós falávamos e éramos
regidos por algo
além do mero tempo,
colocado no topo de um palco,
onde luzes refletiam estrelas
e nada mais do que ter chegado
no fim do mundo de luzes.

E mil novecentos passou.
E ela se foi.
E eu fiquei atônito.

Ela não marcava datas
e eu contava o tempo.

Assim, sem sol naquele dia,
áspero de grandeza e maledicência,
do céu avulso e sem
estrelas,
ela partiu.

Deixou um recado.
Tão à tôa e tão sentido.
Hoje quando lembro de
mil e novecentos,
lembro dela.

De blusa de cachemira vermelha
e pedindo em juras eternas:
não me deixe ir!

E o tempo a levou para sempre.
Eu, teimoso  feito  bula,
agora me arrependo.

Da única coisa de ter tido
naquele século de mil e nocentos:
uma grata mulher de olhos
meigos.

E ter deixado ela partir
para dentro de outro mundo,
que não tem início
e muito menos fim!

 
















 

















TEMPO SEM TEMPO

 

O tempo se enganou!

O tempo fez de conta

que não viu,

deixou passar,

ficou assim,

eu com suspeitas de

saudade,

você  lânguida

você sempre

me fugindo,

e eu, sem eiras

e beiras

recrutei o acolá.

 

Sozinho fiquei

no fim da estrada

onde começava outra

e terminava sem fim.

 

Pois,

a criança levou,

a fada crismou,

o pai chorou,

a mãe, ensandecida,

se partiu.

 

Enquanto você sonha,

pensa que

você fez parte de

alguma coisa.

 

Depois, tudo passa,

entra a realidade.

 

E nesse fim sem fim,

fico a meditar

como um santo

meio suspeito,

e penso medroso:

mas até lá,

ou até aqui,

a paisagem levou ?

E me deixaram

sem tudo ?

 






















 

(Textos dedicados à Ticiana )

José Kappel
Enviado por José Kappel em 27/12/2022
Alterado em 07/09/2023


Comentários

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras