Faço a agulha
mas me perco na linha.
Se já sou o dobro
parte de mim
é conquista sua.
Já sou grande o bastante
pra perceber que está todo
mundo longe de mim.
E todos me cumprimentam rasantes!
Coisa fácil de ver:
olho pro espelho da vida
e já não me vejo
só cálidas
ranhuras de amor
outorgado de lampejos.
Vejo traços sem cor
vida de meia passagem
para a dor!
Sou meio gregoriano:
bato na porta da vida
e só encontro
passageiros enfileirados
indo prá lugar nenhum.
Éfeso, mediador das dores -
faça de minha mentira
uma verdade
de todo dia.
E de passo engasgado
vou levando a vida
sem você já purificada!
Raspejam aquim só sombras
e me perdôe por isso:
sem você não vivo mais.
Me perco na ida
mas quero seu ombro
medieval,
pra descansar de meus atalhos,
de minhas eternas batalhas,
onde ganha o cetim
mas de amor não se veste mais.
(Poesia dedicada à Ticiana )