José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Bato pé,
bato canela,
moelo os pobres,
canso dos ricos,
bato mão,
arredo medos,
mas chegando de perto
é tudo azedo!


Não por ser assim,
asssim seria fácil,
difícil é não ser
tão indiferente
diante das coisas
que chegam e vão
e diante das coisas
que resolveram ficar
prá sempre:
a contra-pé, a contra-gosto!


Difícil é isso.

Coisas de capitão!


Tenho um pé de limão,
dois bruços de deitado,
farinha de rosca,
aguardente caseiro,
mas tudo em vão.


Se sou assim,
só me arrependo do vozerio
pois nada mais compreendo.


Se fui criado aprendendo,
cresci sem entender,
nem qualquer sensação
até como se faz o pão!
que bordeia meu quintal,
que me faz sonhar igual o senão!


Já não sei entender
as coisas,
como um bordão
clareado.

 

Me chovem
perguntas
e só obtenho argutos
e rarefeitos perdões.


Não foi sempre que fui
assim: sério, indisposto,
e sempre perguntando
se existe outra parte de mim.


Se existe deve estar
tão próxima que não vejo;
se existe, dorme comigo
e nem sequer sinto,

mas almejo.


Parte de mim se perdeu
nesta confusão que todo
mundo faz:
pega bonde,larga bonde.


Eu procuro a paz.
Mas já dei procuração
de anseios a todos sentinelas.


- Aqueles que cantam vinténs
sob minha janela, procurando a paz.
Mas que paz !


Paz não existe.
E se existisse todo
mundo tava querendo
emprestado.


Hoje, cansado e insone
só vejo as coisas passarem.


Mas só me prende uma pergunta:
porquê, porque sou de campos
magros
sozinho  e árido?


Mas essa música eu
já conheço:
é pra fazer criança
grande dormir,
sem alento!

 

Não existe resposta

para os donos do mundo

pra pergunta que

não existe !

 

Mas os amados reis

lá fazem, fazem:

matem !

e não perguntem

quem morre no brejo !

 

A falácia é dos deuses

 e diz claro 

a paz é um tédio !

 

 


 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 14/10/2022


Comentários

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras