Sou forma e barro, cumbuca aleijada de abas tortas; que, agora, rosco e me esrosco, no sonho dela.
Sou força e desalento.
Paramento sem festa, dúvida de qualquer sol, dúbio de pensamentos !
Sou cor virada, sem tom, que desabrocha no verão sem flores, sem qualquer espécie de lado bom.
Sou amaciador de pássaros, andador de ruas, passageiro fugaz de avenidas empoeiradas de luzes sem vassalos.
Sou forma e desamparo, roda de passar, gente de ver, gosto pra provar, sou vítima ocasional da vida que passa.
Sou forma e barro, rosco e me enrosco, na lembrança dela, que dorme vestida de fugas, em algum lugar do meu passado, que se perdeu no tempo de minha vida, sgora de lasco, já esquecida.
Hoje, na virada da vida, procuro e não acho coisas delas.
Mas, no fundo, rosco que me enrosco, sei que partiu, pra terra do longe, onde sonolentam os desalentos sonhos de minha vida.
E da vida,sei: nunca mais vou vê-la: não tenho contratos de sabedoria com a paz dos santos.
Não sou alvenaria dos espírito, nem corda truncada no pescoço dos lordes.
E fica assim: você virou vitrine de quebrar, eu me tornei amor olvidar !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 10/08/2022
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