Abóbodas sem teto
faz chover na meia-luz que embriaga os sentidos, e me faz te ver. Se algum dia eu passar por ai quero ver minha antiga nação, quero ver o povo tribuno discutindo amor no meio da velha praça. Próximo, rondam estátuas, que ninguém liga ou quer conhecer. Próximo, asentam-se flores mordicadas pelo abandono. e sacrificadas à luz do sol. Há barraquinhas de crianças, velocípides invencíveis, babás entendiadas de musgo de solidão, e muita sombra vinda de árvores copadas de cor. Folhas soltam-se dispersas e vêm cair nas cabeças calvas dos sentantes, ou roçar as pedras hexagonais que firmam o piso, mas faz vãos tropeçáveis. À frente da praça acorda o comércio e marca o início da rotina das horas. Eu? Eu sou isso tudo, numa mistura de céu e terra, de infernos e ansiedades. Eu? Eu estou perdido no princípio e no fim destes homens, mulheres e crianças. Lembrar pouco, faz sofrer de menos! Eu? Estou perdido entre meu mundo que arde, e outro mundo que nasce, sem pedir licença. Eu? Sou simplesmente uma sombra, pálida, um espírito vago, sou ameno, mera ânsia dos áridos ! José Kappel
Enviado por José Kappel em 09/03/2020
Alterado em 09/03/2020 |