José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Uma vez
fui
divergente,
noutra complacente ,
que sempre 
rimava
com

a dor da gente.
 
 
Uma vez fui parente
vagando de vez,
a bordo
do vazio.

 

Tinha um rio,

uma arma,

uma árvore

esquecida

e um jardim

nada

complascente.


 
Azar, já era
quase orco e
perdi todas
as patentes.


 
Uma vez fui guerra
e virei bala
de matar.


E lá me
adormeci

no sonho

de flores e de reis

onde tinha tudo, menos

amor

e muito prenho de ódio.


 
E foi tudo
tão de repente
que o sol se
fez lua.


 
De verdade,
mas sem quer,
uma pobre
lua que se
escondeu,
com veracidade,
no lado escuro
dela mesmo !


 
foi quando
o bombordo
virou
estibordo,
puro e escovado.


 
E descobri
com mãos
de fenecer,
que casa de todos sumiram
 e as pilastras
ruiram.


 
E se foi o

abraçado do tempo.

 

Sem momento,
chegado,
cheio
de muito
fim.


 
E
cumpriu-se
a missão:
todos cairam
no crasso
esquecimento

e viraram estátuas de guerra.

 

Na vera guerra

dos impolutos,

que mandam na orgia,

mas que não lutam !

 

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 07/12/2022
Alterado em 08/12/2022


Comentários

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras